Em entrevista exclusiva, Evandro Capixaba – que foi candidato a prefeito na última eleição municipal de Mangaratiba – fala ao Blog do Xikinho da Rádio sobre o momento político atual, com a chegada ao final dos processos que promoveu junto à Justiça Eleitoral, visando à cassação do atual prefeito. Fala também sobre o Plano de Cargos e Salários do funcionalismo municipal, sobre as eleições de 3 de outubro, sobre a morte do vereador Célio Lopes e sobre seu futuro político.
Xikinho – Evandro Capixaba, o blog circula em toda rede principalmente na costa verde: percebe muito claramente um desejo grande da população de ser informada sobre o que de fato está acontecendo na cidade, como anda o processo de cassação do prefeito, enfim, há um desejo, um certo clamor por informações, por esclarecimentos. Você pode falar sobre isso?
Capixaba – Ninguém melhor do que eu. Nós entramos em Mangaratiba e no T.R.E. com pedidos de cassação da candidatura e do diploma do atual prefeito, por abuso de poder econômico, abuso de poder político, corrupção eleitoral e compra de votos, cometidos durante a campanha de 2008. Em julho de 2009 o juiz eleitoral de Mangaratiba decretou a perda do cargo do prefeito, acatando nossos argumentos e condenando o prefeito em todos os crimes que nós apontamos e provamos. Ele (o prefeito) conseguiu inicialmente uma liminar no T.R.E. para manter-se no cargo. Só que, depois, em julho de 2010, também foi condenado pela prática de abuso de poder econômico e abuso de poder político no próprio T.R.E. Agora está sendo julgado um último recurso que ele teve direito, ainda naquele tribunal. Com a cassação, assume o cargo o
presidente da Câmara até a realização de eleições, que esperamos sejam feitas ainda este ano.
Xikinho – Nesses processos, qual foi o argumento mais forte para cassar o prefeito?
Capixaba – Sem dúvida, foi o plano de cargos que ele aprovou e depois revogou. Foi tão importante que alguns juizes do T.R.E, quando julgaram os recursos, se referiam à revogação do plano de cargos como “estelionato eleitoral”. E foi, sem dúvida, um estelionato eleitoral. Na verdade, eu lembro que, na campanha, fiz uma carta aberta ao funcionalismo alertando que ele não iria pagar o plano, que se o funcionalismo quisesse garantir esse plano, deveria votar em mim, naquela eleição. Claro! Se eu ganhasse, ele manteria o plano, achando que iria criar problemas para o futuro governo, e, se ele ganhasse, teria tempo de revogar o plano. Não deu outra...
Xikinho – Ele diz que a Câmara mudou a proposta original, tornando o plano inconstitucional...
Capixaba – A Câmara não mudou nada! Ou melhor, a Câmara mudou, mas a mudança foi ele que mandou para lá. Não foi iniciativa dos vereadores. Isso nós provamos em nosso processo. O próprio juiz, na época, quando começou a julgar os mandados de segurança impetrados pelos funcionários, estava entrando nessa conversa e chegou a negar um ou dois pedidos. Depois, com as provas que juntamos, com as declarações do então presidente Sidinho e do vereador Nelsinho, percebeu o erro, pediu mais informações à Câmara e
mudou o posicionamento. Passou a decidir a favor dos funcionários.
Xikinho – Na Câmara, o papel do vereador Nelsinho Bertino foi importante? Você acompanhou?
Capixaba – Foi fundamental. Eu acompanhei muito de perto, pois eu sabia que aquela matéria poderia decidir a eleição, como de fato decidiu. E sei que o vereador Nelsinho Bertino teve papel fundamental na aprovação do plano. Ele foi relator da matéria, foi quem conseguiu que o plano de cargos representasse
de fato uma melhoria da situação dos funcionários, mas isso foi feito na Prefeitura. A alteração foi feita no gabinete do prefeito, na secretaria de finanças. Fizeram até um estudo de “impacto orçamentário”, que serviu
depois de prova para convencer o juiz, tanto no nosso processo como nos mandados de segurança dos funcionários...
Xikinho – Mas houve recursos nesses mandados de segurança...
Capixaba – Houve, mas acho que os funcionários vão ganhar. Pagar o plano de cargos ao funcionalismo não vai quebrar a Prefeitura. Tenho certeza disso. Tanta certeza que, se houvesse uma eleição hoje, eu diria: vou pagar o plano de cargos. Em mim vocês podem acreditar.
Xikinho – Como você analisa o atual momento político de Mangaratiba?
Capixaba – Acho que Mangaratiba revive hoje o dia 3 de outubro de 2008, e tem uma oportunidade excelente de corrigir alguns erros que cometeu naquela eleição. A população vai às urnas para escolher seu presidente, governador, senadores e deputados com a lembrança das eleições de 2008, em quem votou
para prefeito e vereadores. Acho que a eleição para presidente e governador não vai ser afetada. Mas a eleição para o senado, para deputado estadual e federal, ah... essas vão ser muito afetadas. A gente sente na rua uma vontade, um desejo reprimido de dar o troco, usar o voto como arma mesmo, sabe? De minha parte, tenho compromisso para deputado federal com o Marcelo Matos, que vem a ser irmão do prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos, um cara que muito me ajudou, me deu legenda em um partido quando todas as portas estavam se fechando e me ajudou na campanha, me deu todo o apoio. Por isso peço votos para o Marcelo, e também porque é competente, tem ficha limpa, boas propostas e vai nos representar bem no Congresso. Com relação a deputado estadual, deixei meu grupo à vontade. Temos o Aurélio Marques, que é do meu partido, mas sou amigo de vários outros e estou dando uma ajuda para o André Banana, para o Anabal, e para o Cledson, que são da região. Ah, e para a Andréia, que também é da região, eu não peço voto porque ela não me procurou, mas não tiro e nem permito que tirem votos dela. Aliás, o Jorge Luiz –meu candidato a vice –, e boa parte de nosso grupo está pedindo votos para ela...
Xikinho – E sobre a morte do vereador Célio Lopes, o que você tem a dizer?
Capixaba – Muito pouco, pois pouco se sabe. O processo correu em segredo, a própria família não tem acesso... Mas uma coisa é certa: eu também estou tomando meus cuidados. Não saio muito à noite, estou sempre acompanhado... Esse crime chocou a cidade, o Cícero e a D. Nelma não mereciam passar por uma dor dessas. Mangaratiba nunca viveu um momento tão ruim: teve um vereador assassinado e um prefeito cassado, tudo nesse mandato. A morte do Célio foi o pior momento vivido pela cidade, eu acho.
Alguns falam do Célio, dizem que ele era “pipa avoada”, como se diz na gíria. Para mim, era um sujeito “homem”, um amigo, um cara de palavra. Além disso, ele era raiz, tinha a cidade no sangue. Foi uma covardia e espero que seus assassinos apodreçam na cadeia.
Xikinho – E seu projeto político?
Capixaba – Estou aí, como se diz, “na pista”. Estamos aguardando esse desfecho do processo de cassação. Acredito que haverá uma nova eleição para completar o mandato, que poderá ser direta – com escolha pelo povo – ou indireta, com a eleição na Câmara. Qualquer que seja o processo, acho que a população espera que meu nome esteja presente. Eu tenho uma trajetória que poucos podem exibir: fui vereador três mandatos, fui viceprefeito. Sou nascido e criado em Mangaratiba, todos conhecem meus defeitos. Mas conhecem também minhas qualidades, sabem que sou trabalhador, e sou um homem de palavra. Meu pai foi prefeito, meu avô foi vereador, a política está no nosso sangue. Por isso meu futuro está ligado à política: se houver eleição, estou dentro...