O publicitário Duda Mendonça em palestra de duas horas na Casa do Saber, em Ipanema, zona sul do Rio.
Para um público de assessores de marketing, pré-candidatos e jornalistas, Duda procurou explicar como trabalha.
Para quem acha que aparecer nos programas eleitorais de televisão garante a vitória nas urnas, vale a lição do publicitário Duda “Eleição se ganha é no boteco”, disse, para espanto de todos. O publicitário explicou: o formador de opinião está tendo cada vez menos influência sobre o eleitor. O que vale é a discussão em bar, no boteco, em casa e na escola. E nesse debate que o eleitor de determinado político consegue convencer o amigo ou parente a votar em quem ele deseja. “Na televisão a gente só fornece os argumentos para vocês ganharem essa discussão”, ensinou o marqueteiro.
Ele comparou a eleição a um jogo de futebol. A diferença entre os dois é que a torcida na eleição participa do jogo e leva o candidato à vitória.”Campanha eleitoral não se faz mágica nem se ganha sozinho. É preciso o empenho de todos. O grande perigo é o já ganhou, o salto alto.
"Se não fosse o Lula, seria a vez do Serra. Serra é um baita de um quadro, puta governador. Se não fosse o Lula, era a vez dele. Mas Lula é igual Padre Cícero ou está ali perto."
Marketing
Duda procurou vender-se como um vencedor. "Na eleição de prefeito, dei consultoria para 11 campanhas, tive a sorte de ganhar nove. Procuro pegar candidatos competitivos. É claro que as melhores propostas vêm de candidatos na UTI. Mas, se você for pegar assim, ganha muito dinheiro e perde todas. Vai ganhar uma e perder muitas. Tem que fazer um mix."
Duda afirmou que a imprensa dimensiona erradamente o papel do marqueteiro. "É uma profissão dura, para quem gosta de competir. É uma responsabilidade enorme lidar com a imagem dos outros. Quando você lida com a sua [imagem], você corre os riscos de dizer uma bobagem ou não. É exagerada a capacidade de poder que a imprensa dá a gente. É um trabalho de sensibilidade, de buscar conhecer a alma do povo."
O publicitário diz que não ser mágico. "Marketing é uma ferramenta de apoio. Importante, mas nada mais do que isso." Lembrou pesquisa que saiu na Folha dizendo que o eleitor escolhe por emoção. "Faço isso há 20 anos. Por quê? Não sei. É a minha cara."
Duda negou que seja marqueteiro de si mesmo. "Nunca fiz nada por estratégia nem pelo meu próprio marketing. Nunca corri atrás de dinheiro. O dinheiro é que correu atrás de mim."
Respondeu à velha questão sobre se eleger um candidato é semelhante a vender sabonete: "Não existe um público eleitor e um público consumidor. Existe um público, que pensa, que sofre, que tem ambições, expectativas. A velha polêmica: trabalhar para um candidato é a mesma coisa que vender um sabonete? Sim e não. O sabonete não fala, esta é a vantagem. Pode mudar o perfume. O candidato você não pode modificá-lo demais. Pode até ajeitá-lo com a roupa, fazer a barba direitinho. Mas não pode mudar tudo."
Obama x web
Duda procurou contestar o mito de que Obama foi eleito mais pela força da web do que pela TV. "Obama foi eleito pela internet? Não é verdade. Não temos nada lá para aprender. Eles é que aprenderam com a gente. Usaram um discurso emocional, Obama não atacou ninguém e o slogan deles foi o nosso aqui: a esperança venceu o medo. Como ele foi um fenômeno em tudo, ele virou um fenômeno na internet. Mas o dinheiro que eles arrecadaram na internet, eles colocaram na televisão."
Acredita que a internet trará para a eleição o público jovem. "Ele é arredio, mas vai participar, meio próximo da esculhambação, mas vai participar. A eleição chegou ao instrumento dele, nas grandes cidades. Esta garotada vota, vai haver uma mudança. Qual é? Não sei exatamente."
LULA LIVRE!
Há 5 anos
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