sábado, 26 de fevereiro de 2011

Second Life chegou

Atraente e revolucionário, o Second Life chegou pegando pesado, e já está revirando a vida de muita gente. Com  mais de 1,9 milhão de pessoas em todo o mundo.


Quem não ouviu falar, pode ficar descansado porque ainda vai ouvir… e muito. O Second Life era para ser um jogo na internet mas acabou se tornando um mundo paralelo extremamente frequentado e cheio de possibilidades que escapam ao universo real. Nele, você pode ter um carro, uma moto ou mesmo um skate para se deslocar – não que seja necessário, já que lá é possível voar. E mais… no tempo que dura um “clic”, você pode saltar da ensolarada praia de Copacabana para as movimentadas ruas de Paris. Ali, as pessoas se encontram, se relacionam, namoram, até mesmo se casam e, acredite se quiser, vivem lá, no mundo virtual, relacionamentos “aparentemente” estáveis.

Como é que isso acontece? A pessoa ao entrar na dimensão do “Second Life” cria uma personagem, espécie de bonequinho, como num jogo de vídeo game, que irá representá-la – esse outro “eu” fala, dança, anda, viaja, namora, casa e até pode ter filhos com uma outra personagem criada por alguém que também esteja frequentando o mundo da “segunda vida”.

Há muita coisa interessante. Um dos maiores atrativos é a chance que você tem de construir a vida que sempre sonhou, mesmo que seja num mundo virtual. Outra forte atração desse segundo universo é que as pessoas podem ganhar dinheiro de verdade através dele. Há quem compre, venda, produza e desfrute dos produtos ou serviços ali oferecidos. E, pra falar a verdade, criatividade é o que não falta. Quando se trata de ganhar dinheiro, tem gente que tira água da pedra. Apenas, que o second life está longe de ser “pedra dura de tirar água” – a coisa tem sido uma verdadeira fonte de possibilidades rentáveis.

O negócio tem sido tão atraente que há gente passando mais tempo em ares virtuais do que no mundo real. Isso porque quanto mais você se dedica, mais você constrói o seu mundo paralelo: casa, carro, relacionamentos, conhecimentos etc. Há quem vegete diante da “telinha” do computador horas e horas a fio.

                              Vantagens inegáveis

As vantagens são inegáveis. Você pode participar de aulas, reuniões, discussões ou mesmo tomar um cafezinho com um monte de gente sem sair da frente do seu micro. Basta mandar o seu representante virtual no lugar. Este mundo paralelo tem moeda própria que pode ser convertida em dinheiro verdadeiro e depositado numa conta real. Daí nem preciso dizer que comprar e vender é uma das atividades mais valorizadas nesse espaço alternativo.

Para comprar, alguém vem atender você, ensina a testar o produto, você pode inclusive fazer test-drive e coisas do tipo, apenas que depois de pagar você recebe um similar verdadeiro do produto aonde você mandar entregar. Legal, não é? As possibilidades são ilimitadas. Você pode conhecer pessoas, encontrar amigos, fazer uma reunião virtual da família, montar uma empresa, realizar negócios, confeccionar objetos, conhecer o mundo… e pense: dá até para dançar!

                              Os perigos

O multiplicar das possibilidades, no entanto, descortina também um mundo de perigos: os mesmos perigos que a internet já oferecia só que com uma overdose a mais de atração. A gente diz “perigo” pela seguinte razão, por mais que o Second Life se aproxime da realidade, ele é e sempre será um mundo virtual. Um mundo que está além das inúmeras exigências e conseqüências de uma vida real. Você poderia dizer: “Bem… mas isso todo mundo sabe”. Certo! Você tem razão. Todo mundo sabe na teoria, mas na prática e pra muita gente a coisa se dá de maneira diferente. Por exemplo, como o relacionamento virtual é um dos fortes componentes deste mundo online, o risco de fugir de relações reais com suas exigências e conseqüências não é pouco. Corrobora essa idéia as incontáveis matérias de televisão, rádio e jornais que expuseram a situação de pessoas que passavam mais tempo navegando na net do que no trabalho, na família ou no tradicional convívio social.

Outra coisa incontestável é que através dos vários conteúdos continuamente dispostos na rede são apresentados como naturais e normais as situações em que o amor é posto de lado para dar espaço a relacionamentos que tratam a pessoa como um objeto de prazer sexual usado conforme a conveniência, a forma mais evidente disso é a pornografia e a prostituição.

Qualquer um, num breve tour pela net, poderá constatar por si próprio inumeráveis situações em que os interesses comerciais e a gana de domínio põem em segundo lugar valores como a ética e a dignidade das pessoas. E é claro que isso tem um impacto sobre a vida, pois os instrumentos da comunicação social, com seu poder de penetração e sugestão, realizam sobre a vida das pessoas, sobretudo em matéria de abordagem sexual, uma contínua e condicionante atividade de informação e de ensino muito mais forte que a família.

À parte os desequilíbrios, é importante ter em conta o número de pessoas que já gasta uma parcela considerável de seu tempo diante de um computador… e façamos isso sem cair na ingenuidade de supor que este novo conceito de relacionamentos proposto pelo Second Life não irá influenciar a vida social concreta, porque vai. Aliás, já está fazendo isso há algum tempo.

O fato é que o virtual já se tornou realidade; e, para desespero dos preocupados e temerosos, não há como voltar atrás. Existe uma indústria global de interesses superdiversificados alimentando e expandindo o chamado “metaverso” (em contraposição a universo) da “segunda vida”, e fortes interesses econômicos garantem vida longa ao Second Life.

                           E então?

A questão que se impõe aos cristãos é se vamos ou não lançar mão deste meio para levar o Evangelho. Pois a evangelização acontece através do relacionamento entre pessoas – campo que o Second Life privilegia. Além disso, é com as pessoas que nos cercam que aprendemos a ser gente, é por meio delas que tomamos conhecimento de nós mesmos e nos encontramos. Abrir mão de utilizar um meio tão expressivo de relações e comunicação é certamente alienar-se.

A posição da Igreja é muito clara nessa matéria, basta recordar a Carta Encíclica Miranda prorsus (1957), do Papa Pio XII, a Instrução Pastoral sobre os meios de comunicação social Communio et progressio, publicada em 1971, onde se afirma: « A Igreja encara estes meios de comunicação social como “dons de Deus” na medida em que, segundo a intenção providencial, criam laços de solidariedade entre os homens, pondo-se assim ao serviço da Sua vontade salvífica». Este continua a ser o ponto de vista da Igreja acerca dos meios de Comunicação Social e da Internet.

O papa João Paulo II entendia essas oportunidades como uma riqueza de nossa época, encarava o desafio e consciente dos perigos afirmava que uma má abordagem de temas que tocam a vida das pessoas como o são a moral, a religião, a cultura e a família têm a capacidade de causar enormes prejuízos.

Essa é a razão pela qual os comunicadores não podem renunciar a meios tão expressivos para a formação das consciências, bem como não devem jamais desprover a sua mensagem de dois componentes fundamentais: a verdade e o zelo pela dignidade da pessoa humana.
Link oficial do site. http://secondlife.com/?lang=pt-BR

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